DIÁRIO DE ESTUDANTE DE FILOSOFIA


Diário de Estudante de Filosofia

´´Qual sua cor favorita? ``

Cor: A cor é uma percepção visual provocada pela ação de um feixe de fótons sobre células especializadas da retina, que transmitem, através de informação pré-processada ao nervo óptico, impressões para o sistema nervoso. A cor de um objeto é determinada pela frequência da onda que ele reflete. 
Fonte: Wikipédia

      Eu sempre amei as cores, as cores no plural. Para mim tinha algo de necessário nelas, é como se sem as cores as coisas não existissem. Era agradável observar as cores, as cores de cada coisa, e falar em voz alta. Minha mãe conta que eu tinha um fascínio específico pelo marrom. As cascas das árvores, o telhado do presépio de natal, o chocolate, a terra... eu adoro terra, e os cheios que a cor traz com ela, marrom tem cheiro de madeira, de cacau, de terra molhada, de alguma coisa viva, e eu adorava cheirar coisa viva. Eu também adorava amarelo, o sol, e quando o sol batia na calçada da nossa casa, e no final da tarde, quando tudo ficava meio amarelo, e no início do dia quando o mundo ficava amarelado e iluminado, minha gatinha de estimação amarela, Lisa, minha motocicleta de plástico amarela, minhas blusas amarelas, e meu biscoito favorito, waffer de abacaxi, eu odiava o abacaxi, mas aquele biscoito? Céus, que biscoito gostoso. O amarelo também deixava outro cheiro bom, o cheio que ficava nas roupas lavadas e secas no varal, que era pendurado do outro lado da rua, em um muro grandão, que lembrando agora, era azul, e tão grande, como céu, e não importa o quanto você olha pro céu ele nunca acaba, então você pode olhar pra ele o tempo todo, aquela imensidão azul, você não sabe onde começa e tem um ponto final, e imagina se perder nele, sair voando e sentir o cheiro do céu, e falando em céu, também tem o céu cinza, tão lindo o céu cinza, principalmente quando cai água dele, e quando eu era criança, mesmo sabendo que isso me deixaria de cama depois, era delicioso quando o céu cinza derramava água sem cor. A gente pulava na chuva, sentindo o cheio gostoso da terra molhada, das pedras da rua que antes tinham cheiro de sol, agora com cheiro de chuva, e de como todos os adultos e adultas sempre comentavam que quando o céu ficava cinza, a chapada ficava verde, e era tão bonita a chapada verde. Essa também era uma das minhas cores favoritas, aquele verde crescendo nos muros no caminho pra escola, aquela graminha que crescia entre o meio-fio e a calçada, as árvores mais bonitas, com as folhas balançando de um jeito orgulhoso, e aquele cheiro de vida.
      Eu adorava observar as cores das coisas, na verdade, parando para pensar, a primeira coisa que eu observava das coisas eram as cores, não era o formato, o tamanho, o que estava escrito. ´´Aquela casa amarela``, ´´O livro de capa verde com uma menina de vestido amarelo`` e se algo mudasse de cor? 
      Quando as coisas mudavam de cor, como mágica, era melhor ainda, ver a manga verde ficar madura, a goiaba verde ficar amarelinha, as folhas amarelas caindo e deixando as verdes tomarem seu lugar, as oliveiras que caiam do pé e deixavam a rua e a calçada um tom de preto, roxo, vinho, tudo ao mesmo tempo.        Se tivessem cor, faziam sentido, estavam ali, era coisa viva, era cheiro, era concreto, de pegar, de sentir, de presenciar, e de presenciar de um jeito tão mágico. 
      Eu nunca soube responder a pergunta; ´´Qual sua cor favorita?``, como eu poderia ter alguma? Elas são tão expressivas, inteiras, se eu tivesse que escolher uma, a que mais me agrada, a que mais parece comigo, uma cor pra me vestir da cabeça aos pés, uma cor para pintar minha casa, ou minha calçada, pra usar de filtro em meu perfil, pra dizer que é ´´minha cara``, onde ficariam as outras? 
      O mundo não é feito de uma cor, ele não é cinza, não é branco, não é amarelo, ele é o mundo, e o mundo é cheio dessas cores, que mesmo que sejam só percepções, ainda estão ali. Eu nunca compreendi as cores, mesmo que eu dedique muito do meu tempo a analisar a coloração das coisas mais simples, eu nunca soube dizer o que exatamente as cores são, mas por algum motivo, elas provocam tanto na gente, que não conseguimos fugir delas, das sensações que elas causam, das associações que fazemos a partir delas, do deslumbre que sentimos quando as/os artistas a utilizam, de como observamos a distribuição de cores nos desenhos das crianças, do quão agradável ou desagradável se torna algumas combinações, e é tão subjetivo, e tão intrigante, mas é impossível fugir da sensação causada por essas percepções.

Texto por: Thavilla Oliveira Lopes

#Paracegover #ParaTodosVerem 
"Imagem com fundo azul, ao lado esquerdo superior a frase "Diário de Estudante de Filosofia", no canto superior direito a logo do projeto, no canto inferior, da esquerda para a direita as logos da pro-reitoria de extensão, do curso de Filosofia e da pro-reitoria de cultura respectivamente. No centro da imagens um arco-íris de três cores com a frase "Qual sua cor favorita?" e "refletir sobre o que afeta os sentidos" sobre o mesmo. Três manchas figuras de mancha de tinta estão espalhadas pela imagem."

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